Líderes precisam aprender gestão à distância por um simples fato: conformidade com o contexto que vivemos. O mundo mudou e as dinâmicas de trabalho também. O dia em que a terra parou e fechou suas portas, foi no digital o meio que empresas encontraram de se manter ativas. Lideranças precisaram formular e reformular dezenas de vezes processos e mais processos para suas operações acontecerem da forma mais eficiente.
E para o que sempre foi produto ou serviço digital, no final das contas o saldo foi positivo. Não tem como generalizar esse discurso para todo mundo, mas para aqueles em que podem oferecer um produto ou serviço digital, o trabalho remoto virou realmente uma opção. Não só sob uma perspectiva da empresa, mas como a de um prestador de serviço, de um consultor, de um autônomo.
A liderança corporativa, perante esse desafio, precisa aprender sobre gestão à distância. Precisa entender os melindres dos fundamentos de gestão de pessoas, gestão de processos e de planejamento estratégico, para deixar todo mundo ainda navegando na mesma direção, cada um no seu canto, se autogerenciando.
De acordo com um relatório da Fundação Instituto de Administração (FIA), com 48 empresas do Brasil, no período da pandemia, 40% das organizações que adotaram o home office acompanham a produtividade de seus funcionários a partir do resultado de metas.
O primeiro passo para que esse relacionamento comece a ser construído é a delegação de tarefas. E delegar requer confiança. Delegar é um ato que representa que você confia no outro para realizar determinada tarefa. Você precisa ter confiança na sua equipe e a sua equipe precisa ter confiança em você.
Para alcançar esse nível de confiança e começar a delegar tarefas, você precisa ter um canal de comunicação completamente aberto. Para troca de feedback e para conhecer a história das pessoas que compõem o seu time. Pessoas são pessoas – não são objetos ou números. Precisam ser tratadas como pessoas que possuem uma carga histórica, uma narrativa. Ao tratá-las dessa forma, simples e humana, você ganha sua confiança.
Aí delega tarefas e consegue fazer o trabalho remoto funcionar.
Um estudo publicado no Journal of Business and Psychology, no qual os pesquisadores entrevistaram estudantes universitários que estavam completando seus estágios durante a pandemia, de forma remota, mostrou quais características eles gostariam que seus futuros líderes tivessem no comando.
“Aqueles que tiram um tempo para ajudar outras pessoas com suas atividades têm mais chances de serem vistos como líderes”, afirma Cody Reeves, um dos co-autores do estudo. Líderes certamente precisarão ter uma mistura de soft skills com hard skills para administrarem à distância.
Faça mais do que relate. Mostre mais do que prometa. O líder precisa ser uma figura presente, interessada e que estimula. Caso contrário, você tende perder o controle da equipe, que fica à deriva, cumprindo tarefas que muitas vezes nem são tão efetivas.
Saber passar um feedback eficiente é pontuar, separadamente, a linha de volatilidade de crescimento da pessoa e principalmente do profissional que o seu funcionário é. São duas coisas que devem ser tratadas diferentes e nunca devem ter seus caminhos cruzados. Você não pode ter justificativa profissional em um comportamento pessoal.
Pode ser que o reflexo esteja relacionado. Seu funcionário está desempenhando menos, porque está passando por um período de saúde mental exaustivo. Se relaciona, mas na hora do feedback, não ligue um ponto ao outro. Você tem que tratar a troca clara e saber separar os momentos e os objetivos daquela provocação, daquela conversa. Ainda mais quando se está distante. O cuidado é redobrado. Precisa ser mais frequente, para um maior acompanhamento do dia a dia da sua equipe, um maior entendimento da realidade do dia a dia da sua equipe.
Uma vez por semana. Reúna o time. Vocês não fazem reuniões com clientes a semana toda? Faça uma para vocês! Despretensão total, pura conversa. Meia hora, uma hora, o grupo decide conforme a disponibilidade das pessoas. Promova a “horinha do café” virtualmente. Faz muito bem para a saúde trocar com as pessoas coisas triviais. São das coisas triviais que o subconsciente trabalha em coisas que relaxam o cérebro.
É um momento de descansar um pouco, dar algumas risadas, se conectar com a equipe e se relacionar um pouco para além das pessoas que estão na sua casa. Essas reuniões despretensiosas podem ser a fagulha para gerar uma amizade improvável, uma dupla que funciona bem, a aproximação do líder, alguns micos, outras boas histórias. Faz bem para a alma. Como liderança, cultive o hábito. Não custa nada.
Lembre como abrimos essa seção: você faz reuniões com clientes a semana toda. Faça uma para vocês. Vale muito a pena.
Um cargo de liderança envolve diferentes responsabilidades perante um cargo mais funcional da empresa. São os líderes que provavelmente estarão estendendo o horário um pouquinho mais dia ou outro. Isso não pode respingar na equipe. Não pode virar hábito e espelho para a equipe.
Estar em casa não é sinônimo de jornada de trabalho do momento que acorda ao momento que vai dormir. São as mesmas horas exigidas pela Lei Trabalhista, com um intervalo previsto para refeição, e o momento que deu seu horário, assim como você teria que correr para pegar o ônibus ou o carro para evitar o trânsito, você dedica seu tempo para outras coisas, como fazer um jantar, um exercício físico.
Uma coisa não compensou a outra não. Essa não é a balança. E o líder, como figura que inspira, precisa mostrar isso. Precisa deixar, claro e evidentemente, que todos da sua equipe precisam respeitar o horário de trabalho. Sem excessos, pela saúde mental de cada um.
Uma equipe sem saúde mental é uma equipe que padece. Aí tudo vai por água abaixo.
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