O grande desafio na promoção do trabalho em equipe nas empresas é que, apesar da convivência, as pessoas geralmente confiam muito pouco umas nas outras, o que prejudica que uma série de relações e associações aconteçam de forma natural.
Isso tem um custo, inclusive econômico, para a empresa. Afinal, organizações onde as relações são conturbadas tendem a ser menos criativas, menos inovadoras e menos produtivas. Mas o contrário também é verdadeiro.
Uma análise da empresa de pesquisas norte-americana Forrester indicou que empresas que investem em ferramentas para promover o trabalho em equipe tiveram ROI (retorno sobre o investimento) de até 437%.
Cabe às organizações criar um ambiente de colaboração, coletividade e confiança. E os líderes podem ajudar nisso definindo objetivos em comum, para favorecer a criação de sinergia entre os colaboradores nos times e garantir a entrega necessária.
O resultado geral, produzido pelo coletivo, costuma ser maior e mais expressivo do que a soma das entregas dos colaboradores individualmente. Este é o significado do trabalho em equipe.
Pense em um estádio lotado em final de Copa do Mundo. Enquanto a Seleção pisa no gramado, todos se preparam para um dos momentos de maior união e sinergia — antes de começar a agonia conhecida pelo torcedor.
Com todos os jogadores em campo e devidamente posicionados, tocam-se as trombetas e as flautas. Pelos braços, sobe um arrepio. Em uma só voz, milhares de pessoas no estádio, acompanhadas de milhões de espectadores ao redor do mundo, entoam o Hino Nacional.
Nesse momento, a importância de ser afinado ou não é zero. Não é isso o que define o simbolismo e, é claro, a beleza e a emoção do momento.
A entrega final é extremamente satisfatória: milhões de pessoas conectadas com sua própria história e unidas pelo mesmo sonho; jogadores sendo lembrados do motivo pelo qual estão ali — levar orgulho e alegria para aquele povo — e mais motivados para atuar em campo.
Quem está acompanhando a Copa do Mundo Feminina viu esse espetáculo acontecer no primeiro jogo do Brasil.
Ao encerramento da primeira parte do Hino, jogadoras e torcedores seguiram cantando juntos. Quase 100 minutos depois, foram quatro gols no nosso saldo.
Esse é o poder e o magnetismo do trabalho em equipe. Ainda que alguém seja “desafinado” individualmente, se todos estiverem em sintonia, o resultado entregue pelo coletivo pode ser brilhante.
A empresa é uma orquestra reproduzindo uma sinfonia. Nela, não há espaço para solistas. O resultado do ‘todo’ é muito melhor do que o das partes isoladamente.
Empresas são organismos vivos, estruturados e movidos pelos seus órgãos vitais: os indivíduos que as compõem. Se esses indivíduos não atuam de maneira cadenciada, o organismo padece. Ou seja: sem colaboração, não existe saúde empresarial.
Trabalho em equipe gera colaboração, que resulta em confiabilidade. E confiança tem tudo a ver com eficiência – é o que chamamos de custo de transação.
Quando você não confia em alguém e precisa fazer negócios com essa pessoa, trabalhar com ela ou fazer qualquer tipo de contato, o seu “pé atrás” fará com que todo o processo seja mais demorado e, portanto, oneroso.
Além disso, é impossível fazer um bom negócio se não tiver todas as informações — e nós tendemos a não compartilhar todas as informações com quem não confiamos. Perceba como todo o ciclo de trabalho acaba prejudicado.
Um artigo publicado pela Yale University aponta cinco razões primordiais pelas quais a colaboração e o trabalho em equipe são tão importantes para as empresas:
Saber falar é importante; ouvir, ainda mais. Pessoas que se restringem a silos costumam ter dificuldades para se comunicar, enquanto uma equipe bem alinhada cria um ambiente seguro para que todos se expressem.
Leia mais: Diversidade cultural nas empresas: importância e como promover
Vivemos cada vez mais em uma era de colaboração, na qual ninguém é dono da razão. Nesse sentido, quanto maior for a rede de troca, o networking, do colaborador, maior a chance de chegar às melhores soluções e oportunidades.
E eis o tripé que o mercado tem demandado hoje em dia: hard skills (atualizadas!), soft skills (bem desenvolvidas!) e social skills (que geram impacto na sociedade).
Sim, não basta ser um excelente conhecedor da própria área. Sua habilidade de se relacionar e de manter relações saudáveis e éticas socialmente é essencial para compor um profissional completo.
Lei Han, engenheira e especialista em gestão e inovação, desenvolveu um framework com 28 habilidades, que pode ser usado como um “cardápio” de habilidades essenciais para os times.
Dentre as habilidades interpessoais — que, segundo Han, indicam como alguém se relaciona com as pessoas ao seu redor —, ela destaca o trabalho em equipe. Atrelado a ele, está a capacidade de estabelecer bons relacionamentos interpessoais.
Construir relações de confiança, ter empatia e saber se relacionar com as diferenças são condições-chave para se destacar na era da colaboração.
Afinal, se um profissional trabalha bem com quaisquer pessoas ou com grupos compostos de diferentes personalidades, estilos de trabalho ou nível de motivação, terá mais facilidade para alcançar melhores resultados para a empresa por meio do time.
Em seu livro Os 5 Desafios das Equipes, Patrick Lencioni lista as cinco principais disfunções das equipes como sendo:
Segundo o autor, cabe ao líder conduzir o grupo e estabelecer uma gestão orientada a resultados, o que inclui recompensar, bem como corrigir e dar feedbacks quando necessário. É imprescindível, ainda, liderar pelo exemplo.
Se o gestor da equipe usa artifícios que geram disputa entre os colaboradores, o trabalho em equipe estará fadado ao fracasso. Um exemplo disso é recompensar resultados individuais em detrimento das conquistas coletivas.
Deixar claro que existe uma “estrela” no time é nocivo e prejudica a moral. Às vezes a intenção é que os demais tenham em quem se inspirar, porém a consequência disso é gerar mal-estar entre colegas de equipe.
Tendo em vista a importância da colaboração, a empresa deve carregar a ideia do trabalho em equipe em seu DNA, na cultura organizacional.
Para isso, o líder deve encorajar a colaboração, minimizar os obstáculos burocráticos, estar aberto, respeitar a diversidade de ideias e estipular uma faixa de falhas aceitável.
Isso tanto é verdade que um dos principais desafios enfrentados pelas empresas com a adoção do trabalho híbrido é o enfraquecimento dos vínculos, graças à dificuldade de socialização com os colegas.
Uma consequência desse cenário é que o trabalho em equipe acaba sendo prejudicado, como mostra estudo recente, publicado pela MIT Sloan Management Review, já incluindo os reflexos da disrupção causada pela mudança no modelo de trabalho pós-pandemia.
É preciso encarar essa situação, para facilitar a socialização, promover o trabalho em equipe de maneira eficiente e colher os frutos da convivência saudável nas organizações.
Segundo o artigo “Creativity and the Role of the Leader”, publicado na Harvard Business Review, permitir e viabilizar esse caminho é papel do gestor para organizações que desejem ser inovadoras e se manter perenes.
Uma cultura organizacional sólida, com valores e propósitos amplamente compartilhados, é primordial para a consolidação do trabalho em equipe. Quando todos têm o mesmo fim, fica mais fácil trilhar um caminho compartilhado até ele.
Kristi Hedges é uma coach de liderança que ajudou a formar CEOs e equipes de empresas listadas na Fortune 10.
No artigo “5 Questions to Help Your Employees Find Their Inner Purpose”, ela propõe cinco perguntas-chave que ajudam a identificar o propósito e compreendê-lo melhor.
Tanto para técnicos operacionais, profissionais muito especializados, líderes, seja quem eles sejam: é importante que o colaborador conheça o próprio propósito, para entender de que modo ele converge com o propósito da organização.
Isso poderá ser usado com os funcionários para ajudá-los a encontrar o que os impulsiona, individual e coletivamente.
Em vez da competição, crie uma cultura de colaboração. Deixe claro que todos têm um propósito em comum. Talvez um dos melhores exemplos de trabalho em equipe seja o esporte, cujos resultados ficam explícitos.
Bernardinho, ex-jogador, treinador de voleibol, economista, e empresário brasileiro, diz que, para formar equipes vencedores, o nome mais importante sempre deve ser aquele que está na frente da camisa, isto é, o do time, e nunca o nome de trás (o do jogador).
Essa é a importância do senso de equipe. Quando cada jogador quer brilhar sozinho, em esportes coletivos, o resultado é desastroso. Com tática, estratégia coletiva e fairplay, formam-se times vencedores.
O sucesso do trabalho em equipe requer estabelecer interesses comuns, comunicação clara e propósito coletivo. Comumente, é necessário que haja socialização suficiente para manter vivo o sentido de pertencimento entre os membros dos times.
Nas últimas décadas, vivenciamos mudanças e avanços sociais, tecnológicos e econômicos de maneira exponencial, que têm impulsionado a colaboração em diferentes níveis.
Uma cultura corporativa sólida orientada à coletividade facilita a interação entre indivíduos, ao mesmo tempo em que favorece a confiabilidade e o trabalho em equipe. O que favorece ambientes de trabalho produtivos e o alcance de objetivos compartilhados.
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