Uma boa mobilidade urbana é fundamental para o melhor funcionamento das cidades, tanto que o tema está entre os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas para 2030.
O Brasil e outros 192 países são signatários da agenda e se comprometeram a tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros e sustentáveis.
E não faltam bons exemplos de cidades com iniciativas inspiradoras. Vamos de carona conhecer que lugares são esses?
Existem lugares onde deixar o carro em casa traz economia para uma cidade inteira. Singapura quase chegou ao limite com os problemas de mobilidade urbana e hoje é exemplo.
Criado em 1975, o pedágio urbano, que hoje evoluiu para um sistema totalmente digital, foi exemplo para cidades como Londres e Estocolmo. No seu primeiro ano de funcionamento, ele conseguiu reduzir 45% do trânsito. Hoje, 65% dos moradores utilizam transporte público.
O sistema consiste em estabelecer uma taxa para motoristas acessarem determinadas áreas da cidade em dias e horários definidos pelo governo.
Em Estocolmo, por exemplo, o valor varia de acordo com a zona da cidade e o horário em que o motorista dirige por ela. Em Londres, a área delimitada é única, no centro, e o valor cobrado também, funcionando de segunda a sexta-feira, das 7h às 18h.
A proposta é que a população seja desestimulada a andar de carro e procure formas alternativas de se locomover, como transporte público ou bicicletas.
Há cinco décadas os ônibus de Curitiba (PR) transitam livres de engarrafamentos. O sistema Bus Rapid Transit (BRT), que usa infraestrutura separada dos demais sistemas viários – os chamados corredores (ou canaletas) –, transformou a capital paranaense em um modelo de mobilidade urbana.
O sistema coletivo de passageiros tem prioridade nas ruas da cidade e trafega sem necessidade de ultrapassagem. São 21 terminais integrados, onde é possível realizar a transferência de um ônibus para outro com a mesma passagem. A cidade é pioneira no sistema, datado do início dos anos de 1980. Hoje, existem mais de 101 projetos como esse em andamento no Brasil.
Pioneiro no Brasil, o Veículos Alternativos para Mobilidade (VAMO) promove mobilidade urbana sustentável por meio de uma rede de compartilhamento de carros elétricos disponibilizados em Fortaleza. São 20 carros 100% elétricos distribuídos em cinco estações.
O projeto é sustentado por patrocinadores e pelos valores pagos pelos usuários, sem custos para o município. A cidade ainda promove o estímulo ao uso de bicicletas e um programa de apoio à circulação de pedestres. Tudo isso para tornar Fortaleza a cidade mais ciclável do Brasil.
Em Brisbane, principal hub econômico, administrativo e cultural do leste da Austrália, andar de carro não é um problema. Lá, os moradores não precisam ir de casa até os pontos de transporte público – que geralmente ficam longe – ou entupir as vias centrais da cidade de carros.
O conceito de “Park and Ride”, que integra estacionamentos com sistemas de transporte coletivo ao redor de estações de trem, metrô e ônibus, permite que os usuários deixem seus veículos gratuitamente no local para utilizar o transporte coletivo, que é menos poluente e mais rápido.
O efeito disso é uma maior integração da cidade, que possui uma região metropolitana de 2,2 milhões de habitantes. A ação deu tão certo que outras cidades implantaram sistemas parecidos, como São Paulo, Praga e Amsterdã.
As áreas menos favorecidas da cidade foram as que mais ganharam com a implantação do projeto batizado de Metrocable, em Medellín. O sistema de teleférico como meio de transporte público por tempo integral, além de não poluir e aliviar os engarrafamentos, é também uma forma projeção social.
Composto de três linhas de serviços de negócios que, juntas, têm um comprimento total de 9,37 km e possuem um total de oito estações em operação, todas adaptadas para facilitar a entrada de pessoas com mobilidade reduzida, o corredor de cabos permite o acesso da população que vive nos morros – as chamadas Comunas – ao espaço público central, se integrando ao metrô.
A iniciativa, que levou o Prêmio de Transporte Sustentável em 2012, chegou a outros centros urbanos da América do Sul. Hoje, Lima e Rio de Janeiro também contam com estruturas do tipo.
Qualidade de vida e crescimento econômico estão totalmente ligados a uma mobilidade urbana sustentável. Sabendo disso, muitas cidades procuram medidas para melhorar sua infraestrutura e garantir eficácia nos meios de transporte.
Uma frota sucateada e quase sem interligação foi o que impulsionou uma mudança no transporte público em Santiago. A proposta do Transantiago, sistema de corredores exclusivos criado em 2006, é integrar o ônibus ao metrô. O projeto ajudou a melhorar a mobilidade urbana da capital mudando completamente a organização de transporte coletivo com a ajuda dos minibuses, conhecidos como “ônibus amarelos”.
A Transantiago iniciou operações em uma primeira etapa em 2005 e foi concluída em 2007, reformando completamente a malha de rotas dos ônibus e projetando um sistema baseado no uso de serviços de alimentação e trunk em conjunto com o metrô. Para isso, houve um enorme investimento em infraestrutura e frota de veículos.
Em Santiago, o uso de um cartão inteligente foi adotado para estabelecer um sistema de tarifa integrada. No ano de 2016, a cidade garantiu o Prêmio Internacional de Transporte Sustentável, promovido pelo Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento. A ação se tornou referência para outras cidades da América Latina.
A Alemanha apresenta boas soluções para unir o uso das bikes ao transporte público. A cidade de Stuttgart criou linhas com trens munidos de um vagão externo exclusivo para as bicicletas; assim, o usuário pode usar os dois modais com tranquilidade e segurança sem atrapalhar os outros passageiros.
O projeto serve de modelo para outras cidades ao redor do mundo. Em Berlim, é possível até pegar uma bicicleta emprestada de graça para dar uma voltinha ou chegar até o metrô para se deslocar até o trabalho.
O metrô abriu em 1902 e conta atualmente com 173 estações e 10 linhas subterrâneas, no total de 146,3 km de extensão. A tarifa unificada é válida em outras linhas sobre trilhos, ônibus, bonde elétrico e até mesmo em alguns ferry boat. Ou seja: ao comprar um bilhete, você poderá utilizá-lo em todos os transportes.
Ainda como modelo de mobilidade urbana, a “superciclovia”, com 60 km de extensão, está em uma das regiões de tráfego mais intenso da Alemanha, que liga Dortmund a Duisburg, dois importantes centros industriais do país. A Radler B-1, como é conhecida, é contínua – sem obstáculos ou paradas, como semáforos ou cruzamentos – e supre os deslocamentos de pessoas que viajam entre cidades no seu dia a dia, aliviando o trânsito local. Além disso, sua largura permite comportar bicicletas elétricas, que atingem velocidades mais altas, sem prejudicar quem for pedalar mais devagar.
Seja sobre os trilhos do trem, nos bancos de ônibus ou na garupa de uma bike, os bons exemplos de mobilidade urbana estão por todos os lugares. Soluções como bilhetes únicos e infraestrutura para integrar diferentes modais já podem ser vistas por aqui, mas ainda temos um longo caminho a percorrer.
Quais dessas iniciativas de mobilidade urbana você acha mais interessante para a sua cidade? Deixe sua opinião nos comentários!
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