*Por Martha Marques
Cada vez que uma empresa investe em treinamento, ela tem uma expectativa: que o aprendizado se transforme em resultado. A metodologia 6D foi criada justamente para garantir que isso aconteça. Organizada em seis etapas interligadas, ela ajuda a construir programas de desenvolvimento mais completos, com foco tanto na aprendizagem quanto na aplicação prática e na melhoria de desempenho.
🔺 O que é a metodologia 6D e como ela surgiu
🔺 Como funcionam as seis disciplinas do modelo
🔺 Por que o método é tão usado na educação corporativa
🔺 Benefícios para as empresas que o adotam
🔺 Dicas para implementar os 6D na prática
🔺 Como essa metodologia se conecta a outras estratégias de T&D
Se o seu desafio é transformar conhecimento em ação, esse conteúdo pode te ajudar a entender como estruturar melhor os treinamentos e medir o que realmente importa. Vamos juntos?
Entenda como esse modelo organiza o processo de aprendizagem em seis etapas conectadas à prática.
A metodologia 6D é um modelo voltado ao desenvolvimento de treinamentos corporativos que buscam, de fato, gerar mudança — seja no comportamento, na performance ou nos resultados das equipes. O nome vem das iniciais das seis disciplinas que compõem o processo: Determinar, Desenhar, Direcionar, Definir, Dar apoio e Documentar.
Criado para conectar a aprendizagem às metas da empresa, o modelo propõe que o treinamento não seja um evento isolado, mas parte de uma experiência maior. Ele valoriza o contexto, o acompanhamento e a transferência de conhecimento para o dia a dia, o que o diferencia de métodos focados apenas no conteúdo apresentado.
No próximo tópico, vamos entender quem desenvolveu o método 6D e como ele ganhou espaço na educação corporativa.
Conheça a origem da metodologia, seus autores e como ela tem sido adotada em empresas no Brasil e no mundo.
A metodologia 6D foi desenvolvida por Calhoun Wick, Roy Pollock e Andrew Jefferson, especialistas em educação corporativa e performance organizacional. Eles são autores do livro The Six Disciplines of Breakthrough Learning (6Ds: As disciplinas que transformam educação em resultados), lançado em 2011. A proposta surgiu como resposta a uma inquietação comum entre líderes e profissionais de RH: por que tantos treinamentos bem avaliados não se traduzem em mudanças reais no trabalho?
Os autores perceberam que o sucesso de um programa de desenvolvimento não dependia apenas da qualidade do conteúdo ou do instrutor, mas de todo o contexto em que a aprendizagem acontece — antes, durante e depois do treinamento. A partir dessa visão, eles estruturaram as seis disciplinas que compõem o modelo 6D.
Hoje, a metodologia é adotada por empresas de diferentes portes e segmentos ao redor do mundo. No Brasil, tem ganhado espaço principalmente entre companhias que buscam conectar os treinamentos a metas claras de desempenho, reforçar a aplicação prática do conteúdo e aumentar o retorno dos investimentos em T&D.
Veja o que cada etapa propõe e como contribui para que o treinamento traga resultados reais.
A proposta do método 6D é simples, mas poderosa: estruturar o processo de aprendizagem em seis etapas que vão desde a definição dos objetivos até a mensuração dos resultados. O foco está em transformar o conteúdo do treinamento em ação — e, principalmente, em melhoria de performance.
Vamos conhecer cada uma dessas disciplinas:
Antes de qualquer conteúdo ou dinâmica, é preciso ter clareza do que se espera mudar. Essa primeira etapa define os objetivos do treinamento a partir de metas do negócio — e não apenas do desejo de “capacitar”. Com isso, toda a experiência formativa já nasce orientada a resultados concretos.
Aqui, o planejamento vai além da sala de aula. A ideia é considerar o que o colaborador já sabe, o que ele precisa aprender, como esse aprendizado será sustentado e de que forma será transferido para o dia a dia. É como desenhar uma jornada, não um evento isolado.
Essa etapa trata da entrega em si: os métodos, os conteúdos, os recursos pedagógicos. A preocupação não é só com o que se ensina, mas com como se ensina — para que o colaborador consiga absorver e manter o conhecimento, mesmo depois do treinamento.
É aqui que se rompe a barreira entre teoria e ação. A quarta disciplina busca garantir que o conteúdo aprendido seja usado no trabalho. Para isso, entram em cena atividades que estimulam a aplicação, feedbacks e o reforço dos gestores no cotidiano da equipe.
Depois de aprender e começar a aplicar, o colaborador precisa de suporte para manter e evoluir o desempenho. Essa disciplina propõe mecanismos de acompanhamento, como coaching, mentoria, acesso a recursos contínuos e uma cultura que favoreça o desenvolvimento.
Por fim, é hora de medir o que mudou. Essa etapa envolve avaliar os impactos do treinamento: o que foi aprendido, o que está sendo aplicado e como isso contribuiu para os resultados da área ou da empresa. É também uma oportunidade de ajustar o que não funcionou e aprimorar os próximos ciclos.
Essas seis disciplinas não precisam ser seguidas de forma rígida. Na prática, elas funcionam como partes de um processo que se alimenta mutuamente — onde o que vem antes prepara o terreno para o que vem depois, e o que vem depois reforça o que foi aprendido.
Veja como a metodologia fortalece o elo entre treinamento e resultado para o negócio.
Nem todo treinamento bem-intencionado gera mudança real. Às vezes o conteúdo é bom, a equipe participa, mas no fim das contas… tudo volta ao normal. O método 6D foi pensado justamente para evitar esse tipo de desperdício — de tempo, energia e orçamento.
Ao organizar o processo de aprendizagem em etapas interligadas, ele ajuda a garantir que o colaborador aprenda e consiga aplicar o que aprendeu. O modelo parte do pressuposto que se a empresa investe em T&D, precisa acompanhar o que muda no dia a dia depois disso.
Essa estrutura também favorece uma cultura de aprendizagem mais ativa, em que gestores, líderes e RH compartilham responsabilidades. Assim, não é apenas o instrutor que ensina, e não é só o colaborador que precisa “reter” o conteúdo — todos fazem parte da construção do aprendizado.
Em vez de focar apenas no conteúdo a ser ensinado, o método convida a começar pelo impacto desejado: o que a empresa quer que mude na prática. E é essa mudança concreta que dá sentido ao treinamento.
Mais engajamento, mais aprendizado, mais retorno sobre o investimento.
Quando o treinamento começa com uma pergunta clara — “o que queremos transformar com isso?” — os resultados tendem a ser mais consistentes. E é exatamente essa a proposta do 6D: ajudar empresas a criar programas de desenvolvimento que saem do papel e geram impacto real no desempenho.
Entre os principais benefícios percebidos pelas organizações que adotam o método estão:
Como o foco está na transferência para o dia a dia, o que é aprendido não fica restrito à sala de aula.
A metodologia ajuda a alinhar a aprendizagem às necessidades reais do negócio, gerando mais resultados com menos retrabalho.
Ao envolver líderes no processo desde o início, o método transforma o treinamento em uma responsabilidade compartilhada.
Como os resultados são documentados e analisados, fica mais fácil demonstrar o valor do treinamento para a empresa.
A metodologia estimula a participação de diferentes áreas e reforça a aprendizagem contínua como parte do trabalho. Assim, em vez de apostar em ações isoladas, as empresas constroem um processo com começo, meio, acompanhamento e avaliação — o que torna a experiência mais eficaz e o investimento mais seguro.
Dicas para começar com consistência, mesmo em empresas que nunca trabalharam com essa metodologia antes.
Para implementar o método 6D não é preciso criar uma estrutura nova do zero — mas adaptar os treinamentos que a empresa já oferece para que eles fiquem mais completos, úteis e rastreáveis. O segredo está em mudar o ponto de partida: o foco deixa de ser o conteúdo e passa a ser o resultado que se espera alcançar.
Veja como isso se traduz no dia a dia do RH:
Em vez de simplesmente agendar uma capacitação, o RH pode começar com uma conversa com os gestores: “O que você espera que a equipe faça de diferente depois desse treinamento?” Esse alinhamento ajuda a definir metas claras e evitar treinamentos genéricos.
Dentro do modelo 6D, o RH deve pensar no que acontece antes e depois da sala de aula. Por exemplo: enviar um pré-work com um caso real da empresa, e depois oferecer um plantão de dúvidas com o instrutor. Isso dá continuidade ao processo de aprendizagem.
Gestores têm um papel fundamental na etapa de transferência. Um exemplo prático: após o treinamento, o líder pode marcar uma conversa com o colaborador para perguntar o que ele aprendeu, como pretende aplicar e que tipo de apoio precisa. Esse tipo de reforço simples multiplica o efeito do conteúdo aprendido.
Avaliações tradicionais medem se o participante “gostou” do curso. No modelo 6D, o mais relevante é observar o que mudou. O RH pode aplicar uma pesquisa algumas semanas depois do treinamento, cruzar indicadores da área (como taxa de erros, produtividade, tempo de resposta) ou até usar checklists de habilidades comportamentais observáveis.
É claro que nem todas as empresas conseguirão aplicar as seis disciplinas de forma robusta desde o início. E tudo bem. O importante é dar o primeiro passo: planejar o treinamento com o fim em mente — e aos poucos ir ajustando o processo para que o aprendizado se transforme, de fato, em resultado.
Entenda como o método pode ser integrado a outras práticas já adotadas na empresa.
A metodologia 6D não precisa substituir modelos já consolidados — pelo contrário. Ela pode ser usada como um fio condutor que conecta diferentes formatos de aprendizagem dentro da organização. Do ponto de vista do RH, essa integração é uma forma de valorizar o que a empresa já faz bem, ao mesmo tempo em que traz mais consistência para o processo de desenvolvimento.
Veja como essa conexão pode acontecer na prática:
Empresas que já usam trilhas de desenvolvimento podem aplicar os 6D para garantir que cada etapa da trilha tenha um propósito claro. Por exemplo, a primeira disciplina ajuda a definir os objetivos da trilha, enquanto as últimas orientam como avaliar os resultados e manter o aprendizado ativo ao longo do tempo.
A estrutura dos 6D pode ser adaptada a diferentes tipos de conteúdo. Em um treinamento técnico, por exemplo, a disciplina de transferência para a prática (D4) pode incluir um desafio prático para resolver problemas reais do setor. Já em um curso comportamental, o apoio à performance (D5) pode envolver sessões de mentoria ou feedbacks contínuos.
A metodologia também pode se integrar aos ciclos de avaliação da empresa. Um exemplo: ao identificar uma lacuna de desempenho em determinado time, o RH pode usar os 6D como base para planejar uma ação de desenvolvimento alinhada àquela necessidade específica — com indicadores definidos já na primeira etapa (D1).
Essa flexibilidade é um dos pontos fortes do modelo. O 6D funciona quase como um mapa de perguntas: Por que estamos treinando? Como isso será usado? Quem precisa se envolver? O que vamos observar depois? Quando essas respostas estão claras, o treinamento deixa de ser uma ação isolada — e passa a ser parte de um plano maior.
Veja, passo a passo, como o modelo pode ser usado em um treinamento sobre educação não violenta no ambiente corporativo.
Vamos imaginar que a empresa deseja oferecer um programa de capacitação em educação não violenta, com o objetivo de melhorar a comunicação entre líderes e equipes, reduzir conflitos e fortalecer uma cultura de respeito mútuo. A seguir, mostramos como o método 6D pode ser aplicado na prática:
O primeiro passo é definir com clareza o que a empresa espera mudar após o treinamento. Em vez de focar em “ensinar sobre o tema”, o RH alinha com os gestores que o objetivo é:
Esse alinhamento orienta todo o desenho do programa — e evita que a capacitação vire só uma palestra inspiracional sem desdobramento real.
Aqui, o RH constrói a jornada de aprendizagem como um processo, e não como um evento único. Um possível caminho:
Essa combinação ajuda o colaborador a se preparar, participar ativamente e continuar refletindo depois.
A entrega do conteúdo precisa ir direto ao ponto. Em vez de longas teorias, o foco está em:
O instrutor atua mais como facilitador do que como palestrante, criando um espaço seguro para troca e aprendizado.
Logo após o workshop, cada participante é convidado a escolher uma conversa difícil que está adiando e aplicar os conceitos da CNV. O RH fornece um roteiro de preparação para essa conversa e convida os gestores a acompanharem o processo de perto, dando apoio e feedback.
Além disso, os organizadores podem criar uma “semana da escuta ativa”, com pequenas ações para reforçar o uso dos aprendizados no cotidiano.
Aprender a se comunicar de forma não violenta exige prática e reforço. Algumas iniciativas que podem ajudar:
Esses lembretes e espaços de apoio mantêm o tema vivo no ambiente de trabalho.
Cerca de 30 a 45 dias depois do treinamento, o RH pode:
Esse retorno ajuda a avaliar a efetividade do treinamento e identificar onde o programa pode ser ajustado. Também dá ao RH argumentos concretos para mostrar o valor da ação para a liderança.
Esse estudo de caso mostra que o método 6D é totalmente aplicável ao cotidiano do RH — mesmo em temas sensíveis e subjetivos como a educação não violenta. O importante é que o conteúdo seja tratado como parte de uma jornada com começo, meio, prática e acompanhamento.
Tire as principais dúvidas sobre o modelo e veja como ele pode ser adaptado à realidade da sua empresa.
É um modelo que organiza o processo de treinamento em seis disciplinas interligadas, com foco em transformar o aprendizado em resultado prático para o negócio.
O método foi desenvolvido por Calhoun Wick, Roy Pollock e Andrew Jefferson, especialistas em educação corporativa, autores do livro 6Ds: As disciplinas que transformam educação em resultados.
O foco na aplicação prática. O 6D não se limita ao momento do treinamento — ele considera o que vem antes e depois, garantindo mais impacto no dia a dia.
Sim. A metodologia é flexível e pode ser adaptada à realidade de cada organização. Mesmo empresas com poucos recursos podem se beneficiar ao adotar partes do modelo.
Não necessariamente. Quanto mais completo o processo, melhor. Mas aplicar algumas das disciplinas já ajuda a tornar os treinamentos mais eficazes.
Depende do porte da empresa e do grau de maturidade do RH. Em muitos casos, o 6D é introduzido de forma gradual, ajustando os treinamentos que já existem.
Funciona bem tanto para conteúdos técnicos quanto comportamentais. A lógica do modelo se adapta a diferentes formatos e objetivos.
O aprendizado só vale a pena quando é colocado em prática — e o 6D existe justamente para facilitar esse caminho.
A metodologia 6D mostra que um bom treinamento não depende apenas de um conteúdo bem estruturado, mas de um processo completo: com propósito, continuidade e aplicação. Quando a empresa começa pensando nos resultados que deseja alcançar, o aprendizado deixa de ser um fim em si mesmo e se torna um meio para melhorar o desempenho real das pessoas e dos times.
Em vez de seguir um modelo fechado, o 6D oferece direções. Ele permite que o RH organize melhor seus esforços, envolva as lideranças e mostre à empresa que desenvolver pessoas pode — e deve — gerar resultado. E o melhor é que dá para começar aos poucos, adaptando a estrutura à realidade de cada organização. O que muda é a forma de pensar cada etapa do caminho.🔴
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*Martha Marques é jornalista e criadora de conteúdo há 20 anos. Para a Ticket, escreve sobre benefícios corporativos e o complexo e apaixonante mundo das relações de trabalho.
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