Brain rot: como a palavra do ano reflete a sobrecarga mental e afeta o trabalho

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Mulher em mesa de trabalho sofre de brain rot e coloca as mãos nas têmporas

 

*Por Martha Marques

 

Imagine tentar resolver uma tarefa importante, mas sentir a mente dispersa, como se estivesse sobrecarregada com informações que chegam de todos os lados. Esse é o cenário que levou o termo brain rot a se destacar e ser escolhido como a palavra do ano pelo dicionário Oxford em 2024.

 

O conceito, que pode ser traduzido como “deterioração cerebral ou cérebro podre”, descreve um estado de exaustão mental causado pela exposição constante a estímulos digitais e multitarefas.

 

No ambiente de trabalho, além de ser um sinal de alerta para a saúde mental, o brain rot é um fator que pode comprometer a produtividade e a criatividade. Neste artigo, você vai entender como o brain rot surgiu, seu impacto no dia a dia profissional e, principalmente, estratégias para recuperar o foco e o equilíbrio. Confira a seguir!

 

O que significa brain rot?

 

Como vimos, brain rot, que pode ser traduzido livremente como “deterioração cerebral”, é uma expressão usada para descrever o estado de esgotamento mental causado pela sobrecarga de estímulos.

 

O termo se popularizou especialmente no contexto da era digital, em que somos constantemente bombardeados por informações, notificações e tarefas simultâneas. Diferente de um simples cansaço, o brain rot reflete um impacto mais profundo: a dificuldade de manter a concentração, o aumento da sensação de dispersão e a redução da capacidade de processar ideias com clareza.

 

No ambiente profissional, ele se manifesta como falta de foco, quedas de produtividade e dificuldade em lidar com tarefas que exigem criatividade ou análise mais apurada. É um fenômeno que evidencia os desafios de manter a mente saudável em tempos de hiperconexão.

 

Quando surgiu e por que se popularizou?

Mulher executando multitarefas e se expondo aos perigos do brain rot

 

O termo surgiu originalmente como uma gíria na internet para descrever um estado de apatia ou “mente vazia”, frequentemente associado ao consumo excessivo de entretenimento superficial.

 

Apesar de ter começado de forma informal, sua popularização ganhou força nos últimos anos, à medida que o impacto da tecnologia e da hiperconexão passou a ser mais discutido em diversos contextos.

 

Em 2024, a expressão alcançou ainda mais relevância ao ser eleita a palavra do ano pelo dicionário Oxford, refletindo as preocupações globais com saúde mental e bem-estar em uma sociedade sobrecarregada por estímulos.

 

Essa escolha reforça o papel do brain rot como um alerta para o esgotamento cognitivo causado pela constante multitarefa, excesso de informações e a dificuldade de desconectar em uma era dominada por telas e notificações.

 

A viralização do termo nas redes sociais e sua aplicação no ambiente de trabalho ajudaram a consolidar sua presença, destacando um problema que muitos já enfrentavam, mas agora têm uma palavra para nomear.

 

Brain rot e síndrome de burnout são a mesma coisa?

 

Apesar de estarem relacionados ao impacto do esgotamento mental, brain rot e síndrome de burnout são condições diferentes. Enquanto o burnout é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um distúrbio ocupacional, caracterizado por exaustão extrema, despersonalização e perda de realização pessoal no trabalho, o brain rot é um termo mais recente e informal, usado para descrever a sobrecarga cognitiva gerada pela exposição constante a estímulos digitais e multitarefas.

 

O burnout está profundamente ligado ao ambiente profissional e costuma ser resultado de jornadas excessivas, pressão constante e falta de apoio. Já o brain rot, embora também afete o desempenho no trabalho, está mais ligado ao uso excessivo de tecnologia, consumo desenfreado de informações ou até mesmo da incapacidade de desconectar-se em momentos de descanso.

 

Em resumo, o burnout é uma condição de esgotamento emocional e físico mais grave e estruturada, enquanto o brain rot reflete um desgaste cognitivo e atencional mais difuso, mas igualmente preocupante.

 

Por que foi eleita a palavra de 2024 pelo dicionário Oxford?

 

A escolha de brain rot como a palavra do ano de 2024 pelo dicionário Oxford não foi por acaso. A expressão captura um dos maiores desafios da sociedade moderna: o impacto da sobrecarga digital e da hiperconexão na saúde mental.

 

O dicionário Oxford destacou a relevância do brain rot ao refletir debates crescentes sobre saúde mental no trabalho e na vida pessoal, marcados por preocupações com esgotamento cognitivo e queda na qualidade de vida.

 

A escolha também se conecta à conscientização global sobre a necessidade de desconectar, priorizar o foco e encontrar equilíbrio em uma era tão exigente. Assim, a escolha de brain rot é um lembrete das consequências invisíveis do mundo digital e da urgência de lidar com elas.

 

SAIBA +

Como e por que o dicionário Oxford escolhe uma palavra anualmente?

Todos os anos, o dicionário Oxford realiza uma análise cuidadosa para eleger a Palavra do Ano, um termo que reflete o espírito do momento e captura tendências culturais, sociais ou políticas relevantes.

 

O processo não é aleatório: ele envolve um estudo detalhado de dados linguísticos, incluindo o aumento no uso de certas palavras em diferentes contextos, como redes sociais, meios de comunicação e conversas cotidianas.

 

O objetivo é destacar uma palavra que tenha impacto global e seja representativa de mudanças ou debates que marcaram o ano. Essa escolha busca documentar o vocabulário contemporâneo e incentivar reflexões sobre os temas mais discutidos na sociedade.

 

Causas comuns do brain rot

 

O brain rot é resultado de uma combinação de hábitos e condições cada vez mais comuns na rotina moderna, especialmente em ambientes conectados e multitarefas. Entre as principais causas estão:

 

Excesso de informação

A avalanche de dados, notícias e notificações que recebemos diariamente sobrecarrega a mente, dificultando a filtragem e o processamento do que é realmente relevante.

 

Multitarefa constante

Dividir a atenção entre várias tarefas ao mesmo tempo não significa eficiência. Pelo contrário, aumenta o desgaste mental, reduz a qualidade das entregas e prolonga o tempo necessário para concluir atividades.

 

Uso excessivo de tecnologia

A dependência de dispositivos, redes sociais e aplicativos cria um ciclo de estímulos contínuos, diminuindo o tempo de descanso mental.

 

Falta de pausas adequadas

Trabalhar sem interrupções ou ignorar momentos de descanso pode levar ao esgotamento, afetando diretamente a concentração e a produtividade.

 

Ambientes desorganizados

Um espaço de trabalho confuso, com excesso de estímulos visuais e falta de ordem, contribui para a sensação de desorientação e impede o foco.

 

Esses fatores, isolados ou combinados, criam a “tempestade perfeita” para o brain rot se instalar.

 

Como identificar o brain rot em colaboradores?

 

Reconhecer os sinais de brain rot em uma equipe é essencial para prevenir quedas de desempenho e promover um ambiente de trabalho mais saudável. Embora os sintomas possam variar entre as pessoas, existem comportamentos e padrões que podem indicar a presença desse problema. Veja os principais.

 

Queda na produtividade

Colaboradores podem levar mais tempo para concluir tarefas simples ou apresentar dificuldade em cumprir prazos.

 

Falta de foco

Distrações frequentes, dificuldade para manter a atenção em uma tarefa e erros em atividades rotineiras são sinais comuns.

 

Apatia ou desmotivação

Uma postura indiferente ou falta de interesse em participar de projetos e discussões pode ser um reflexo do desgaste mental.

 

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Aumento do estresse

Irritabilidade, ansiedade e dificuldade em lidar com imprevistos podem apontar para o impacto do brain rot.

 

Exaustão constante

Colaboradores que se queixam de cansaço excessivo, mesmo após descansos adequados, podem estar enfrentando sobrecarga mental.

 

É importante que gestores e equipes de RH fiquem atentos a esses sinais, promovendo conversas abertas e ambientes de apoio. Identificar o brain rot cedo permite tomar medidas para aliviar a pressão, seja ajustando demandas, incentivando pausas ou oferecendo ferramentas para o equilíbrio emocional no trabalho.

 

Como o RH pode combater o brain rot no ambiente corporativo?

Homem em posição de medição realiza mindfulness para evitar o brain rot

 

O papel do RH é decisivo para enfrentar o brain rot e criar um ambiente de trabalho que favoreça o equilíbrio e a produtividade. Algumas ações estratégicas podem ser adotadas para reduzir a sobrecarga mental e promover o bem-estar dos colaboradores.

 

Fomentar a conscientização

Realizar campanhas internas que abordem temas como saúde mental e o impacto da multitarefa, ajudando os colaboradores a reconhecerem os sinais de esgotamento.

 

Revisar demandas e processos

Ajustar fluxos de trabalho para evitar sobrecarga. Isso inclui revisar metas, delegar responsabilidades de forma equilibrada e reduzir a prática de multitarefas.

 

Incentivar pausas regulares

Criar uma cultura onde as pausas sejam valorizadas e incentivadas, permitindo que os colaboradores recarreguem suas energias ao longo do dia.

 

Oferecer ferramentas de gestão de tempo

Promover treinamentos sobre priorização de tarefas e organização, além de disponibilizar ferramentas que ajudem no planejamento das atividades diárias.

 

Realizar mindfulness no trabalho

Incentivar práticas como meditação, respiração guiada ou momentos de silêncio durante a jornada, reduzindo a sensação de sobrecarga.

 

Criar políticas de desconexão digital

Estimular limites no uso de tecnologia fora do expediente, permitindo que os colaboradores tenham momentos de descanso real.

 

Manter canais de apoio

Disponibilizar programas de assistência, como acesso a psicólogos ou orientadores, para oferecer suporte em momentos de maior pressão.

 

Benefícios para as empresas ao combater o brain rot

 

Investir em ações para prevenir e combater o brain rot no ambiente de trabalho traz vantagens significativas para as empresas. Quando os colaboradores conseguem manter a saúde mental e a clareza cognitiva, os resultados vão além da produtividade individual, impactando positivamente toda a organização.

 

Aumento do engajamento

Colaboradores que sentem apoio para lidar com a sobrecarga mental tendem a se envolver mais com suas tarefas e com os objetivos da empresa, promovendo um ambiente de maior colaboração e entusiasmo.

 

Redução da rotatividade

Iniciativas focadas no bem-estar fortalecem a relação entre colaboradores e a organização, reduzindo custos relacionados à saída e substituição de talentos.

 

Melhoria da produtividade

Ao aliviar a pressão mental, as equipes conseguem manter o foco por mais tempo e entregar resultados com maior qualidade, refletindo diretamente nos indicadores de desempenho.

 

Estímulo à inovação

Com a mente mais leve e menos sobrecarregada, os colaboradores se tornam mais criativos e dispostos a propor novas ideias, o que favorece o desenvolvimento de soluções e projetos inovadores.

 

Reforço da marca empregadora

Empresas que demonstram cuidado com a saúde mental ganham reputação positiva no mercado, atraindo profissionais alinhados aos seus valores e reforçando sua imagem como empregadores de escolha.

 

Melhoria do clima organizacional

A redução de tensões cognitivas contribui para um ambiente mais harmonioso, com equipes que se comunicam e cooperam de maneira mais eficiente.

 

Brain rot como um alerta para o futuro do trabalho

 

O conceito de brain rot traz à tona uma reflexão importante sobre o futuro do trabalho em um mundo cada vez mais digital e acelerado. Ele destaca os limites da produtividade desenfreada e a necessidade urgente de reavaliar como empresas e profissionais lidam com o equilíbrio entre desempenho e bem-estar.

 

Com o avanço da tecnologia, a hiperconexão se tornou inevitável, mas também trouxe desafios como sobrecarga de informações e exaustão mental.

 

O brain rot simboliza o preço que pagamos ao ignorar a saúde mental em busca de metas e prazos.

 

Ele também aponta a importância de desenvolver ambientes de trabalho mais humanos, onde a qualidade de vida dos colaboradores seja prioridade.

 

Para o futuro, o alerta está claro: as empresas precisam adotar práticas mais sustentáveis, promovendo desconexão saudável, políticas de saúde mental e espaços para criatividade e foco. Além disso, profissionais precisam aprender a gerenciar o uso da tecnologia e a priorizar momentos de descanso e reflexão.

 

PLUS!

O perigo do brain rot para as crianças e como evitar

Criança pequena sentada assistindo algo em tablet, expondo-se ao brain rot

 

Embora o brain rot seja frequentemente associado ao ambiente de trabalho, seus efeitos também representam um risco crescente para as crianças.

 

Entre os principais perigos estão a diminuição da capacidade de atenção, causada pela exposição contínua a estímulos rápidos, e a falta de habilidades de concentração prolongada, essenciais para o aprendizado e a resolução de problemas.

 

Além disso, o uso excessivo de tecnologia pode interferir no sono, aumentar os níveis de estresse e reduzir as interações sociais, fatores críticos para o desenvolvimento saudável das crianças.

 

Para evitar esses efeitos, é importante que os pais e responsáveis tomem medidas práticas, como:

 

Limitar o tempo de tela

Estabelecer horários claros para o uso de dispositivos eletrônicos e priorizar atividades fora do ambiente digital, como brincadeiras e exercícios físicos.

 

Incentivar pausas e intervalos

Assim como adultos precisam de momentos de descanso, as crianças também devem alternar entre atividades digitais e outras que estimulem a criatividade e o relaxamento.

 

Promover o uso consciente da tecnologia

Introduzir conteúdos educativos e adequados à faixa etária, evitando a exposição a estímulos excessivos ou conteúdos desnecessários.

 

Criar ambientes livres de distrações

Para tarefas como o dever de casa ou leitura, garanta um espaço tranquilo, sem interrupções de dispositivos eletrônicos.

 

Incentivar momentos offline

Propor atividades que fortaleçam conexões sociais e familiares, como jogos de tabuleiro, leitura conjunta ou passeios ao ar livre.

 

Conclusão

 

O brain rot é um sinal de alerta sobre os desafios que enfrentamos para manter a saúde mental e a produtividade em equilíbrio. No ambiente de trabalho, seus impactos vão desde a dificuldade de concentração até a redução da qualidade de vida, afetando colaboradores e empresas de forma significativa.

 

Por outro lado, o reconhecimento desse problema abre caminho para mudanças importantes. Adotar práticas que promovam o foco, o bem-estar e o uso consciente da tecnologia é uma alternativa possível para construir ambientes mais saudáveis e sustentáveis.

 

Seja por meio de ações individuais, como organizar o tempo e fazer pausas, ou estratégias corporativas lideradas pelo RH, combater o brain rot é um esforço conjunto que beneficia tanto os profissionais quanto as organizações. Encarar essa questão com seriedade é o primeiro passo para criar uma rotina mais equilibrada e produtiva, onde a mente possa, enfim, respirar.

 

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*Martha Marques é jornalista e criadora de conteúdo há 20 anos. Para a Ticket, escreve sobre benefícios corporativos e o complexo e apaixonante mundo das relações de trabalho.

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