Cada empresa tem uma forma de estruturar e de sistematizar as relações organizacionais. O organograma circular ainda é um modelo que poucas empresas têm implementado — inclusive muitas ainda têm dúvidas quanto ao modo de fazer isso, ou até mesmo se deveriam fazer.
Enquanto algumas empresas optam por hierarquias nas quais as divisões são mais tênues, outras seguem com estruturas de poder mais bem definidas.
O organograma é a ferramenta que vai delimitar, visual e sistematicamente, como as relações de trabalho e de subordinação estão organizadas em uma determinada empresa.
Independentemente do modelo escolhido, é preciso trabalhar duro na construção desse “mapa”, de forma que ele seja claro e funcional.
O organograma circular é uma forma de estruturação e de representação das relações de poder e hierarquia dentro da empresa que expõe a relação entre as diferentes áreas da empresa e as correlações entre elas.
Assim, se coordenam funções, processos, normas; definem-se quais são as responsabilidades de cada pessoa, o que cada um precisa entregar e como é que as áreas se integram.
Se isso é feito corretamente, o trabalho flui; se ocorrer da forma errada, cria uma burocracia excessiva – o que acontece em grande parte das organizações.
Podemos dizer que o organograma vertical, mais tradicional, fornece um retrato das organizações internas de trabalho. Já o organograma circular é uma foto panorâmica da estrutura da organização.
O organograma circular serve para que a empresa seja vista como um grande universo integrado, onde a ação de uma área interfere direta ou indiretamente em outra.
Pense em um jogo de War. Nele, os territórios (ou as áreas de trabalho) estão distribuídos ao longo do tabuleiro e podem ser conquistados por alguém (ou dominado por um chefe, quem sabe…).
No entanto, até o final da partida de War, todos os territórios estão em disputa e são igualmente importantes, e a invasão de um pode interferir diretamente na autonomia do outro.
Quanto mais ambiciosa é a empresa — no melhor sentido da palavra —, mais ela desejará integrar talentos, gerando um ciclo virtuoso de valor internamente. O organograma circular serve justamente para alimentar esse ciclo.
Dentre as vantagens da adoção do organograma circular por uma organização, é possível citar a valorização da colaboração; a correlação explícita entre os diferentes cargos e funções; a ênfase na interdependência entre as áreas.
Mas, por favor, não confunda a colaboração e diálogo entre as áreas com a ideia de ter colaboradores que são “multitarefas”.
Vivemos cada vez mais em uma era de colaboração, na qual ninguém é dono da razão. Nesse sentido, quanto maior for a rede de troca, maior a chance de se chegar às melhores soluções e oportunidades.
É o que mostram os estudos feitos pela Workday, desenvolvedora de software no Vale do Silício. Os pesquisadores demonstram como relações colaborativas, baseadas na confiança e na integração, mexem nos ponteiros da empresa.
Quanto mais as organizações se fragmentam em áreas distintas, mais as pessoas têm que se relacionar umas com as outras para conectar o trabalho de um com o outro e fazer as coisas acontecerem.
Este, inclusive, é um gap que costuma aparecer no organograma das empresas, que fragmentam as áreas operacionais e as tratam de maneira isolada, quando é preciso ter uma visão holística.
Tudo isso nos leva a pensar em um ciclo virtuoso que se retroalimenta. Ou que devora a si mesmo vivo, caso a falta de coordenação ou brigas de ego vierem a emergir. Nesse caso, o que seria um oceano de vantagens se torna uma pororoca de problemas.
Por essas razões, é fundamental saber se este modelo, apesar dos benefícios, é o ideal para a sua organização.
A única maneira de definir se o organograma circular é a melhor escolha para a sua empresa é compreender bem a cultura organizacional. A partir daí, será possível traçar como as relações de trabalho se estabelecerão.
Em uma empresa na qual prevalece a ideia de “cada um no seu quadrado”, vai ser difícil incutir a ideia de que a relação entre o cara da TI e a gerente de compras de fato é importante.
No que se refere ao ambiente da empresa, o contexto de cada uma é diferente, assim como as pessoas que estão nela e a própria maturidade do negócio.
Lembre-se de que isso interfere, inclusive, nas possibilidades de crescimento e carreira. Existe uma hierarquia, é claro, mas não uma “escadinha” para escalar e chegar ao topo.
Percebo muita gente reclamando: “minha empresa não é estruturada”. Uma coisa é fato: crescer em empresas com estruturas mais rígidas normalmente é muito mais desafiador.
Ao adotar um organograma circular, o colaborador vai trafegar entre áreas, será transferido, conhecerá diversas possibilidades de movimentação lateral ou pode seguir galgando outras oportunidades.
O mundo corporativo está cada vez mais complexo. Portanto, é importante ressaltar que não existe um método que funcione para todo mundo. Cada trajetória é única.
O primeiro passo para estruturar o organograma da sua empresa é fazer um diagnóstico do que já está implementado, frente aos objetivos e às metas para o futuro organizacional.
Se a empresa estiver em gestação, o ideal é que o organograma seja definido antes mesmo de ela nascer.
Para empresas estabelecidas, tenha em mente que a cultura organizacional serve como termômetro para diagnosticar que tipo de relações funcionam ou não para essa operação.
Ciente dos desafios relacionados ao seu negócio e à estrutura da sua empresa, vale a pena conhecer os diferentes modelos de organograma para sistematizá-la. Isso é importante porque uma estrutura organizacional afeta até mesmo a retenção de talentos.
Há situações em que um colaborador merece ser promovido — mas não será, porque a estrutura hierárquica é muito rígida.
Em outros casos, pessoas largam empregos muito bem-remunerados porque estão insatisfeitas com outros fatores na empresa e sem nenhuma motivação para continuar.
Então, se a sua empresa tem uma estrutura tão rígida que não abre espaço para colaboradores que fazem toda a diferença, é necessário rever a estrutura organizacional.
Mantenha-se aberto e seja criativo acerca das opções para definir a estrutura organizacional.
O organograma clássico, o mais tradicional entre as empresas, é construído de maneira vertical, explicitando uma estrutura hierárquica mais rígida. Seu desenho se assemelha a um edifício vertical ou a uma pirâmide.
Neste modelo, os subordinados e seus respectivos chefes bem definidos, e muitas áreas ficam totalmente apertadas umas das outras.
Este modelo favorece a colaboração e o networking, pois apresenta as unidades operacionais da empresa de maneira conectada. Como o nome já nos leva a pensar, o organograma circular é estruturado no formato de um círculo.
O núcleo do organograma é composto do diretor ou presidente. Ao redor dele, orbitam todas as áreas da empresa e seus respectivos líderes.
O modelo do organograma linear de responsabilidade sistematiza as demandas e as responsabilidades de cada setor e de cada cargo.
O objetivo é visualizar pontos de convergência entre determinadas áreas, para que elas possam atuar em colaboração ou, até mesmo, serem unificadas, caso seja viável.
A organização visual deste modelo costuma ser feita em formato de tabela, listando cargos ou áreas e demandas ou responsabilidades, respectivamente, nas linhas e colunas.
Modelo direcionado principalmente ao uso em projetos executados por pessoas de diferentes áreas, que são geridas simultaneamente por vários líderes — o gerente do projeto e o próprio gestor, por exemplo.
Em suma, o organograma matricial sistematiza a equipe envolvida em um projeto pré definido e favorece o acompanhamento da execução.
Visualmente, este organograma também costuma ser apresentado em formato vertical, com o líder no topo e os subordinados logo abaixo. No entanto, inclui várias ramificações e colunas, para abranger todas as áreas e colaboradores envolvidos.
O organograma circular é um modelo de sistematização da estrutura hierárquica que conversa muito com práticas que, hoje, acreditamos ser mais eficientes, já que prioriza a colaboração e reduz as disputas entre áreas.
Ao optar por este modelo, visualize o formato do organograma. É importante reconhecer onde colocar as respectivas áreas e cargos, conforme as responsabilidades e os papéis executados.
Tenha isso em vista, porque a proximidade entre as áreas no organograma servirá como bússola para guiar as relações e conexões entre setores.
Outro ponto relevante é que o organograma circular favorece um estilo de liderança liberal, que prioriza a colaboração, mas também diz bastante sobre a maturidade da cultura e a organização da empresa.
Estruturar o time da forma correta faz com o que o fluxo de trabalho flua, porque cada um conhece o seu respectivo papel e não bate cabeça.
Por outro lado, burocratizar as estruturas e prejudicar a transparência resulta em pessoas movidas a cumprir regras, em vez de buscar os objetivos e resultados.
Há empresas que têm feito análises de estrutura organizacional para não deixar a estrutura tão rígida, inclusive para que as pessoas tenham uma experiência mais rica de aprendizado e inclusive espaço para avançar na carreira.
Ricardo Basaglia é CEO da Michael Page no Brasil e é autor do best-seller Lugar de Potência. Hoje é o headhunter mais acompanhando do Brasil, produzindo conteúdo sobre Carreira & Liderança nas redes sociais e podcast. https://www.instagram.com/ricbasaglia/
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